21 de março de 2007

Idiocracy
(Idem, 2006)

“ – Será que Einstein achava todos um monte de idiotas?”
“ – É, agora você sabe porque ele inventou aquela bomba”.


   Em meio a um mundo onde a mediocridade, o pensamento de massa e filmes do Michael Bay predominam, é difícil acreditar que a humanidade esteja melhorando significativamente. Tudo bem, não sangramos mais pessoas com o objetivo de curá-las de todo e qualquer tipo de doença, e inventamos diversas máquinas úteis e legais – em compensação, continuamos não tendo uma cura consistente para algumas das enfermidades mais simples, e simplesmente resolvemos ignorar o efeito que os gases produzidos por tais máquinas causaram em nosso meio ambiente no último século. Aliás, não só ignorar, como em alguns casos, simplesmente negar tais fatos. Além disso, a população explodiu e não mostra sinais de cansaço, aumentando em proporção geométrica o número de idiotas na terra.
   Baseando-se na premissa de que esta massa pouco preocupada com “fatos” e “ciência” seja, eventualmente, tudo que restará da humanidade, o diretor Mike Judge (criador de Beavis & ButtHead, O Rei do Pedaço) nos traz está história, onde duas pessoas completamente medianas em todos os quesitos (Maya Rudolph e Luke Wilson), são selecionadas em um experimento militar um tanto quanto confuso, e congeladas no ano de 2005, com o objetivo de serem acordadas um ano mais tarde. Contudo, ocorrem alguns problemas durante o experimento, e os dois despertam com 500 anos de atraso, em meio a um mundo caótico, onde a burrice prevalece, e se vêem então, na posição improvável de pessoas mais inteligentes do mundo.
   A introdução da película consegue sustentar bem esta idéia interessante, com tiradas bem feitas e uma boa atuação de Luke Wilson, mas a segunda e terceira partes ficam um tanto quanto perdidas em meio a uma confusão generalizada – estou certa de que probabilidade de eventos não era exatamente a prioridade do diretor nesta comédia, entretanto, a total falta de coerência que permeia o filme acaba distraindo e incomodando, fazendo muitas de suas piadas perderem a graça. Ainda restam alguns bons momentos aqui e ali, mas o resultado final deixa muito a desejar, e não podemos deixar de imaginar o tipo de filme que poderia ter sido feito caso a premissa fosse melhor desenvolvida.
   Mas ainda assim, penso que vale a pena conferir o filme, nem que seja pela presença de algumas boas piadas, uma vista prévia do que podemos nos tornar, além de um retrato do que alguns de nós já somos.

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